quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A busca pelo óleo ideal continua... Parte III



Muito boa tarde, meus amigos!

Tudo bem com todos vocês?
Espero que a saúde esteja em dia.
Trata-se de nosso bem mais precioso. Sem a saúde, nada mais importa ou se faz.
Vamos cuidar dela sempre.
É época de carnaval, apesar da grave crise que assola o país.
Sinceramente, não sei o que está sendo festejado pelas ruas deste enorme Brasil, mas vejo que o povo está na rua e não está nem aí para o que anda acontecendo nas mais altas esferas do poder.
Prefiro, assim, seguir um ditado antigo: "Faça a tua parte e da melhor maneira possível! Sempre dará certo!"
Vou fazer, então, o que me diverte e o que me enaltece mais, que é escrever sobre os temas dos quais tenho algum conhecimento e, principalmente, transmitir este conhecimento aos amigos/leitores deste blog.
Vamos falar, mais uma vez (serão muitas...), de lubrificantes automotivos?
A imagem acima, que inaugura este post, é a de um viscosímetro cinemático.
"Viscosímetro cinemático"? Que é isso? Qual o porquê de se falar disso agora?
Porque no post anterior faltou falar sobre o tema "viscosidade". E, também, sobre alguns dos dizeres que integram o "API donut", ou melhor dizendo, aquele círculo que classifica os óleos e que é encontrado nas embalagens de muitos lubrificantes que são comercializados.
Olha ele aí, de novo:


E aí? Lembrou?
Já falamos que o termo "viscosidade" significa, sob uma forma simples de pensar, a resistência que um líquido oferece à movimentação de sua própria massa ou, em outros termos, a resistência que um líquido oferece quanto ao seu deslocamento por sobre uma determinada superfície.
A água é pouquíssimo viscosa, mas se adicionarmos à água bastante pó para prepararmos um delicioso cappuccino, percebemos que o resultado final passa a apresentar uma cremosidade maior, uma resistência maior à movimentação da colher e, consequentemente, uma maior viscosidade.
Entenderam?
Imaginem se eu colocasse uma gota d'água por sobre a superfície de um espelho e inclinasse este espelho em direção ao chão.
Imaginaram?
O que aconteceria com a gota d'água?
Desceria. Com uma certa rapidez, certo?
Agora, imaginem que eu colocasse, ao invés da água, uma gota de óleo de soja por sobre a superfície desse mesmo espelho e o virasse de novo para o chão.
O que aconteceria?
Ora, a gota de óleo desceria, da mesma forma que a da água, obedecendo a lei da gravidade, mas com uma velocidade menor...
Qual o porquê da velocidade menor?
Exatamente por causa da viscosidade maior do óleo de soja em comparação com a água.
Entenderam?
Relaxem, pois outros exemplos virão.
No que se refere a lubrificantes automotivos, existe a norma SAE J300, que estabelece os critérios da medição de viscosidade dos mesmos. Em razão disso, não falamos aqui apenas de viscosidade, mas de "viscosidade cinemática" (kinematic viscosity, em inglês), que é a espécie de viscosidade que nos interessará neste estudo sobre os óleos lubrificantes dos motores de combustão interna.
E o que é a viscosidade cinemática?
Em termos mais simples, é a força ou pressão necessária para mover uma unidade de área a uma certa unidade de distância (deslocamento) - que é como se define viscosidade dinâmica -, mas se levando em conta também a densidade do fluido ou líquido utilizado.
Matematicamente, inclusive, se define a viscosidade cinemática como uma razão que leva em conta a viscosidade dinâmica, mas tendo também o fator densidade do fluido ou líquido envolvido no cálculo.
Vixi! Acho que a coisa está ficando complicada.
Não abandone o texto, leitor!
Já, já, a coisa fica mais clara, OK!?! 
De acordo com a norma SAE J300 (link: http://standards.sae.org/j300_201304/), a viscosidade dos lubrificantes, ou melhor, o grau de viscosidade dos mesmos será definida de acordo com uma tabela, dentro da qual se encontram valores prévios de viscosidade cinemática.
Há uma última atualização desta tabela de valores de viscosidade, datada de 20 (vinte) de janeiro de 2015, na qual são adicionados os graus SAE 12 e SAE 8 aos óleos, submetidos à temperatura de 150ºC HTSH ("high temperature high shear rate"), com viscosidade cinemática que têm valores entre 2.0 e 1.7 mPa.s.
Peço ao leitor que fique tranquilo com relação à linguagem utilizada, pois vou explicar tudo.
Olhem bem para a tabela abaixo:



Ela é a tabela que contém a penúltima atualização da norma SAE J300, ou seja, é a datada de 02 (dois) de abril de 2013, quando foi adicionado o grau SAE 16 aos lubrificantes. 
Como eu já disse, em 2015, foram adicionados os graus SAE 12 e SAE 8.
Mas, o que quer dizer esta tabela?
Olhe para o "API donut", que é a imagem anterior à tabela.
Lá, bem no centro da imagem ou do círculo, como preferir, está escrito SAE 5W - 30, não é mesmo?
Então, já de cara temos uma nova lição: Trata-se de um óleo multiviscoso e não monosviscoso.
Se fosse "monoviscoso", teríamos apenas a inscrição "SAE 20", "SAE 30", "SAE 40" ou "SAE 50" no centro do "API donut", mas se temos dois números, sendo o primeiro sucedido pela letra "W", temos, diante dos olhos, um óleo "multiviscoso".
Veja que você, leitor deste blog, está aprendendo terminologia nova.
E é isso mesmo que você pensou: O óleo multiviscoso é o que tem viscosidades cinemáticas múltiplas!
Você acertou se pensou assim... 
Trata-se de um óleo que altera o seu comportamento sob diferentes temperaturas, sendo mais adequado às modernas tecnologias aplicadas aos motores de hoje.
Então, olhando para a tabela definida pela norma SAE J300, vemos que o 5W está presente e que o número 30 também aparece, mas sem a letra "W" ao lado.
Veja a tabela e preste especial atenção no que está escrito na coluna, imediatamente abaixo dos termos "SAE Viscosity Grade" (Graus de Viscosidade SAE).
Percebeu os números ali colocados?
A letra "W" quer dizer "Winter" ou inverno em inglês. Este grau do óleo é avaliado quando o mesmo se encontra sob baixíssimas temperaturas.
É como se tivesse que avaliar como o óleo vai se comportar se você estiver ligando o motor de um carro, sob o intenso inverno do Canadá, com temperaturas bem abaixo de 0ºC, entendeu?
O caro leitor está conseguindo acompanhar meu raciocínio? 
Quando não há a letra "W" ao lado do número, significa que a viscosidade do óleo está sendo avaliada já sob diferentes condições ou, mais especificamente, sob calor intenso.
Avalia-se, agora, o comportamento do lubrificante quando o motor está funcionando a 95ºC, sob um calor de 40ºC, do verão do Rio de Janeiro, por exemplo.
Entenderam?
Há um número que define o comportamento do óleo sob frio e um outro número que define o comportamento do óleo sob calor e é isto que significam os números 5W - 30 lançados ao centro do "API donut".
Fixados estes primeiros ensinamentos sobre viscosidade, entrarei com mais dados sobre o tema no próximo post.
Vamos devagar, pois, parafraseando Martinho da Vila: "É devagar, é devagar, devagarinho...".
E há muito ainda por vir! O tema é longo e quem passa a dominar o assunto fica muto mais tranquilo quando trata do automóvel.
Um abraço grande no coração de todos!

Xamã do Brasil.

2 comentários:

  1. Putz, eu achava que era o contrário kkkk. Frio ele era um óleo 30 e quando o motor esquentava ele agia como 5. Vivendo e aprendendo. Já mandei para o meu patrão o link do blog, Xamã - já já ele tá por aí. Abração.

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    1. Muito obrigado, Ícaro! E vamos que vamos! Isto aqui é a minha cachaça!!! Gosto muito! Um abraço grande, meu amigo!!!

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