Boa tarde, meus amigos leitores!
Como vão?
Bem?
É... A vida anda muito difícil no Brasil. Há desinformação para todos os lados. Ninguém se entende com absolutamente nada e, no meio disso tudo, salve-se quem puder, não é mesmo?
Para quem, como eu, é proprietário de picape ou SUV ou caminhão diesel, a coisa não está nada boa. É uma tal de "me disseram que é melhor o diesel assim..." ou "é melhor colocar o diesel X misturado com o diesel Y..." e, por aí vai.
O que está acontecendo com o diesel e com os veículos diesel?
Por que o que era bom, confiável e muito econômico em um passado não muito distante, está ficando complicado, frágil, caro para manter e muito menos econômico?
Vamos conversar, seriamente - como deve ser - sobre o diesel e suas variações?
Vamos, finalmente, tirar as dúvidas da cabeça e fazer a coisa certa ao abastecermos nossos veículos?
Bom, de acordo com a definição dada pela própria Petrobrás, o diesel é um combustível que pertence à categoria dos gasóleos, ou seja, é uma combinação, uma mistura complexa, formada primariamente de hidrocarbonetos saturados, como os hidrocarbonetos parafínicos e hidrocarbonetos naftênicos, ou os hidrocarbonetos parafínicos, com cadeia carbônica formada entre 09 (nove) e 30 (trinta) átomos de carbono, destilado em uma faixa de temperatura compreendida entre 100ºC e 400ºC.
Para ser mais específico, defino-o como um combustível derivado do petróleo constituído por, predominantemente, hidrocarbonetos alifáticos, que contém de 9 a 28 átomos de carbono na cadeia e que é destilado em temperaturas situadas dentro da faixa compreendida entre 160 e 410 ºC, eis que a gasolina é destilada na faixa de 80 a 120 ºC.
Mas, antes de complicar a coisa, vamos voltar aos bons tempos da escola e vamos ver como surge o diesel, ainda sem aditivos, na sua forma mais pura.
Na imagem abaixo, percebe-se que o diesel surge em uma torre de destilação ou em uma coluna de destilação, de uma refinaria de petróleo:
Onde aparece a cadeia com, normalmente, 16 (dezesseis) átomos de carbono, dentro da faixa de temperatura acima dos 200ºC, temos o tal "gasóleo" ou diesel. Normalmente, o diesel de melhor qualidade é obtido em uma temperatura um pouco mais baixa, já próxima a da destilação que obtém o querosene.
A equação química do diesel, puramente considerado, com cadeia "padrão" - pois pode variar neste contexto - de átomos de carbono, é a seguinte:
E aí? Curtiu voltar à época da química orgânica?
Como bom hidrocarboneto que é, ou seja, como bom combustível, formado unicamente por átomos de carbono e de hidrogênio, apresenta as seguintes características (um pouco mais da época do colégio e do vestibular...):
1ª) Polaridade: os hidrocarbonetos são compostos praticamente apolares, e suas moléculas se mantêm unidas pela força de dipolo induzido.
Entendeu?
Não?
Bom, "dipolo induzido" é o seguinte: Pensemos no diesel, que é líquido e apolar. Quando o átomo de carbono e seus companheiros, os átomos de hidrogênio, sob a forma de moléculas, se aproximam umas das outras, acabam causando repulsão entre suas eletrosferas (Vixi! Complicou tudo!). Desse modo, os elétrons se acumulam em determinado lado, que fica polarizado negativamente e, por sua vez, o lado oposto fica polarizado positivamente, em razão da deficiência de carga negativa.
No final das contas, um lado atrai o outro e mantém os átomos unidos, entendeu?
É uma situação que a todo momento se repete, incessantemente.
Vou explicar outro detalhe e peço para que o leitor olhe para a equação química da imagem acima: Quanto maior a massa molar (e o diesel tem massa molar elevada), maior é a força de interação, pois as forças de dipolo induzido dependem da superfície de contato. Assim, quanto maior a superfície de contato entre as moléculas, maior é a indução que uma exerce sobre a outra e maior é a atração entre ambas.
Observe que o diesel é composto por uma cadeia longa, de 16 átomos de carbono e 34 átomos de hidrogênio. É por isso que os hidrocarbonetos do diesel, apresentam-se na forma líquida (ponto de fusão = - 34 ºC e ponto de ebulição = 338 ºC).
Será que ficou mais claro, agora?
São forças intermoleculares, ou melhor, entre moléculas, e que as mantém unidas naturalmente, sem a formação de polaridade elétrica (positivo ou negativo), no caso do diesel. Mas vamos esquecer isso agora e partir para a segunda característica típica de um hidrocarboneto:
2ª) Ponto de Fusão e Ebulição: os hidrocarbonetos possuem baixos pontos de fusão e ebulição. Com o aumento da massa molar, aumentam-se os pontos de fusão e ebulição. E em casos de compostos ramificados e não ramificados que apresentam a mesma massa molar, os ramificados têm menores temperaturas de fusão e ebulição;
3º) Estados Físicos: os hidrocarbonetos que possuem até quatro carbonos são gasosos à temperatura ambiente e ao nível do mar. Já os que possuem de cinco a dezessete carbonos são líquidos, e acima disso são sólidos;
4º) Densidade: é baixa; inferior à água, que tem densidade de 1,0 g/cm3. O diesel tem densidade de 0,8 g/cm³;
5º) Propriedades organolépticas (propriedades que podem ser percebidas pelos sentidos humanos, por exemplo, a cor, o cheiro, aspecto, textura e assim por diante): não é possível detalhar de forma geral, pois é uma classe muito grande;
6º) Solubilidade: os hidrocarbonetos são solúveis em substâncias que, assim como eles, são apolares ou têm baixa polaridade. Não se dissolvem na água, porém, que é polar;
O diesel, na sua forma pura de ser, como vimos na equação química, enfrenta a impossibilidade de ser comercializado ao consumidor. Antes de chegar aos postos, o diesel precisa passar pela adição de vários elementos químicos outros, que darão cor ao mesmo, estabilidade à oxidação, resistência maior ao congelamento.
Entre esses aditivos, que são adicionados ao diesel, temos, por exemplo, detergentes amínicos, dispersantes poliméricos, desativadores de metais, desmulsificantes, aceleradores de ignição, antiestáticos, supressores de fumaça, antioxidantes e biocidas, sendo a função dos dois últimos de manter a qualidade do diesel durante o transporte e estocagem...
Apresenta-se com uma densidade comum aos demais óleos, na faixa de 0,8g/cm³, e apresenta odor característico.
A qualidade do diesel, enquanto combustível, é aferida a partir do chamado "Índice de Cetano" ou "Número de Cetano", que corresponde ao percentual volumétrico de cetano e alfametilnaftaleno contido neste óleo. Quando maior o número de cetano, menor será o retardo de ignição e, logicamente, melhor será sua capacidade de incendiar-se.
O bom óleo diesel, destinado à utilização em motores térmicos, tem o número de cetano compreendido entre 40 e 60.
O diesel S-10, por exemplo, tem "Índice de Cetano" ou "Número de Cetano", igual a 48, que é o maior dentre os tipos de diesel que temos no Brasil.
No caso, o que quero dizer é o seguinte: que o melhor diesel, em termos de rendimento térmico, para os motores de combustão interna, é o S-10, haja vista o "Número de Cetano" do diesel S-50 ser de 46 e o índice dos diesel S-500 e S-1800 ser de 42, o menor portanto...
Mas a discussão, aqui sugerida, não pode ser resumida à quantidade de cetano de um tipo de diesel ou de outro, para definir o que fica melhor para um determinado veículo.
Há regras, no entanto.
A primeira, que deve ficar às claras, é que, para os veículos novos, zero quilômetro, movidos a diesel, o único tipo de combustível que deve ser adotado é o S-10, com as qualidades e problemas que esta opção acarretará a médio e longo prazos. Se será um diesel S-10 aditivado ou não, tal questão também será abordada neste espaço, em momento futuro.
Mas para os motores diesel novos não há opção! É o diesel S-10!
Esta é a regra!
E falarei o porquê de ter de ser seguida também em tópico futuro.
Outra questão que será alvo de discorrimento: os veículos mais antigos?
Como fica a questão para os motores a diesel mais antigos, com bombas injetoras mecânicas?
Pode-se, realmente, mudar o tipo de combustível utilizado sem que haja qualquer tipo de problema?
As respostas não são assim tão simples e precisarão ser encaradas com profundidade, neste blog.
Garanto aos leitores e amigos que, aqui, trataremos do tema, a partir desta análise inicial, com a seriedade devida, sem espaço para paixões ou discussões inúteis.
Um beijo grande no coração de todos,
Xamã do Brasil.
Bom, de acordo com a definição dada pela própria Petrobrás, o diesel é um combustível que pertence à categoria dos gasóleos, ou seja, é uma combinação, uma mistura complexa, formada primariamente de hidrocarbonetos saturados, como os hidrocarbonetos parafínicos e hidrocarbonetos naftênicos, ou os hidrocarbonetos parafínicos, com cadeia carbônica formada entre 09 (nove) e 30 (trinta) átomos de carbono, destilado em uma faixa de temperatura compreendida entre 100ºC e 400ºC.
Para ser mais específico, defino-o como um combustível derivado do petróleo constituído por, predominantemente, hidrocarbonetos alifáticos, que contém de 9 a 28 átomos de carbono na cadeia e que é destilado em temperaturas situadas dentro da faixa compreendida entre 160 e 410 ºC, eis que a gasolina é destilada na faixa de 80 a 120 ºC.
Mas, antes de complicar a coisa, vamos voltar aos bons tempos da escola e vamos ver como surge o diesel, ainda sem aditivos, na sua forma mais pura.
Na imagem abaixo, percebe-se que o diesel surge em uma torre de destilação ou em uma coluna de destilação, de uma refinaria de petróleo:
Onde aparece a cadeia com, normalmente, 16 (dezesseis) átomos de carbono, dentro da faixa de temperatura acima dos 200ºC, temos o tal "gasóleo" ou diesel. Normalmente, o diesel de melhor qualidade é obtido em uma temperatura um pouco mais baixa, já próxima a da destilação que obtém o querosene.
A equação química do diesel, puramente considerado, com cadeia "padrão" - pois pode variar neste contexto - de átomos de carbono, é a seguinte:
E aí? Curtiu voltar à época da química orgânica?
Como bom hidrocarboneto que é, ou seja, como bom combustível, formado unicamente por átomos de carbono e de hidrogênio, apresenta as seguintes características (um pouco mais da época do colégio e do vestibular...):
1ª) Polaridade: os hidrocarbonetos são compostos praticamente apolares, e suas moléculas se mantêm unidas pela força de dipolo induzido.
Entendeu?
Não?
Bom, "dipolo induzido" é o seguinte: Pensemos no diesel, que é líquido e apolar. Quando o átomo de carbono e seus companheiros, os átomos de hidrogênio, sob a forma de moléculas, se aproximam umas das outras, acabam causando repulsão entre suas eletrosferas (Vixi! Complicou tudo!). Desse modo, os elétrons se acumulam em determinado lado, que fica polarizado negativamente e, por sua vez, o lado oposto fica polarizado positivamente, em razão da deficiência de carga negativa.
No final das contas, um lado atrai o outro e mantém os átomos unidos, entendeu?
É uma situação que a todo momento se repete, incessantemente.
Vou explicar outro detalhe e peço para que o leitor olhe para a equação química da imagem acima: Quanto maior a massa molar (e o diesel tem massa molar elevada), maior é a força de interação, pois as forças de dipolo induzido dependem da superfície de contato. Assim, quanto maior a superfície de contato entre as moléculas, maior é a indução que uma exerce sobre a outra e maior é a atração entre ambas.
Observe que o diesel é composto por uma cadeia longa, de 16 átomos de carbono e 34 átomos de hidrogênio. É por isso que os hidrocarbonetos do diesel, apresentam-se na forma líquida (ponto de fusão = - 34 ºC e ponto de ebulição = 338 ºC).
Será que ficou mais claro, agora?
São forças intermoleculares, ou melhor, entre moléculas, e que as mantém unidas naturalmente, sem a formação de polaridade elétrica (positivo ou negativo), no caso do diesel. Mas vamos esquecer isso agora e partir para a segunda característica típica de um hidrocarboneto:
2ª) Ponto de Fusão e Ebulição: os hidrocarbonetos possuem baixos pontos de fusão e ebulição. Com o aumento da massa molar, aumentam-se os pontos de fusão e ebulição. E em casos de compostos ramificados e não ramificados que apresentam a mesma massa molar, os ramificados têm menores temperaturas de fusão e ebulição;
3º) Estados Físicos: os hidrocarbonetos que possuem até quatro carbonos são gasosos à temperatura ambiente e ao nível do mar. Já os que possuem de cinco a dezessete carbonos são líquidos, e acima disso são sólidos;
4º) Densidade: é baixa; inferior à água, que tem densidade de 1,0 g/cm3. O diesel tem densidade de 0,8 g/cm³;
5º) Propriedades organolépticas (propriedades que podem ser percebidas pelos sentidos humanos, por exemplo, a cor, o cheiro, aspecto, textura e assim por diante): não é possível detalhar de forma geral, pois é uma classe muito grande;
6º) Solubilidade: os hidrocarbonetos são solúveis em substâncias que, assim como eles, são apolares ou têm baixa polaridade. Não se dissolvem na água, porém, que é polar;
O diesel, na sua forma pura de ser, como vimos na equação química, enfrenta a impossibilidade de ser comercializado ao consumidor. Antes de chegar aos postos, o diesel precisa passar pela adição de vários elementos químicos outros, que darão cor ao mesmo, estabilidade à oxidação, resistência maior ao congelamento.
Entre esses aditivos, que são adicionados ao diesel, temos, por exemplo, detergentes amínicos, dispersantes poliméricos, desativadores de metais, desmulsificantes, aceleradores de ignição, antiestáticos, supressores de fumaça, antioxidantes e biocidas, sendo a função dos dois últimos de manter a qualidade do diesel durante o transporte e estocagem...
Apresenta-se com uma densidade comum aos demais óleos, na faixa de 0,8g/cm³, e apresenta odor característico.
A qualidade do diesel, enquanto combustível, é aferida a partir do chamado "Índice de Cetano" ou "Número de Cetano", que corresponde ao percentual volumétrico de cetano e alfametilnaftaleno contido neste óleo. Quando maior o número de cetano, menor será o retardo de ignição e, logicamente, melhor será sua capacidade de incendiar-se.
O bom óleo diesel, destinado à utilização em motores térmicos, tem o número de cetano compreendido entre 40 e 60.
O diesel S-10, por exemplo, tem "Índice de Cetano" ou "Número de Cetano", igual a 48, que é o maior dentre os tipos de diesel que temos no Brasil.
No caso, o que quero dizer é o seguinte: que o melhor diesel, em termos de rendimento térmico, para os motores de combustão interna, é o S-10, haja vista o "Número de Cetano" do diesel S-50 ser de 46 e o índice dos diesel S-500 e S-1800 ser de 42, o menor portanto...
Mas a discussão, aqui sugerida, não pode ser resumida à quantidade de cetano de um tipo de diesel ou de outro, para definir o que fica melhor para um determinado veículo.
Há regras, no entanto.
A primeira, que deve ficar às claras, é que, para os veículos novos, zero quilômetro, movidos a diesel, o único tipo de combustível que deve ser adotado é o S-10, com as qualidades e problemas que esta opção acarretará a médio e longo prazos. Se será um diesel S-10 aditivado ou não, tal questão também será abordada neste espaço, em momento futuro.
Mas para os motores diesel novos não há opção! É o diesel S-10!
Esta é a regra!
E falarei o porquê de ter de ser seguida também em tópico futuro.
Outra questão que será alvo de discorrimento: os veículos mais antigos?
Como fica a questão para os motores a diesel mais antigos, com bombas injetoras mecânicas?
Pode-se, realmente, mudar o tipo de combustível utilizado sem que haja qualquer tipo de problema?
As respostas não são assim tão simples e precisarão ser encaradas com profundidade, neste blog.
Garanto aos leitores e amigos que, aqui, trataremos do tema, a partir desta análise inicial, com a seriedade devida, sem espaço para paixões ou discussões inúteis.
Um beijo grande no coração de todos,
Xamã do Brasil.
Tenho uma jumper 2011 euro 4, até hoje não sei qual diesel usar nela...
ResponderExcluirPrezado Marcos Toss,
ExcluirEm sendo uma EURO 4, somente o diesel S10. Jamais S500 ou S1800, sob pena de drástica redução de durabilidade do óleo lubrificante especificado.