segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Oportunidade única na internet... E lá vamos nós! Eu e uma motoca 125, zerada, sem placa, de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro - Parte II



Boa noite, queridos leitores!

A imagem inicial deste post já mostra a vocês que eu e a Sundown Max SE 125 chegamos à cidade de Alfredo Vasconcelos, às margens da rodovia BR - 040, que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
Pela imagem, vocês podem perceber que a motoca já estava equipada com a antena "corta-pipa", item indispensável nos dias de hoje, para prevenir o motociclista de eventuais ferimentos causados por linhas de pipa com cerol.
Bom, mas vamos voltar ao ponto da estória em que parei: A saída de Belo Horizonte com a motocicleta.
Deixei, por volta das 09:00h, a garagem do prédio, dentro da qual estava guardada a moto.
Estava na rua Coronel Praes, no bairro Sagrada Família, e procurei logo um posto de gasolina, haja vista o tanque estar mais do que na reserva.
A moto estava rodando, na verdade, com o cheiro da gasolina...
Pelo aplicativo do celular, achei um posto BR, na Avenida Cristiano Machado, esquina com a Rua Conceição Macedo Novais, e o estabelecimento comercializava a gasolina Podium, que era a que eu queria por conta do efeito detergente.
Até chegar ao local penei. Foram cerca de dois quilômetros com o motor sem força e engasgando demais.
Ao encher o tanque, a primeira decepção: vazava gasolina pelo dreno da cuba do carburador.
A agulha estava presa... E travou aberta, o que era pior!
Só parava de vazar gasolina quando eu acelerava o motor, mas, em marcha-lenta, o vazamento ocorria todo o tempo, direto.
Imaginei logo o processo de ativação pelo qual passara a moto. 
Provavelmente, botaram uma gasolina vagabunda qualquer no tanque ainda novo, que contém uma espécie de cera protetora nas suas paredes internas, e ligaram o motor, deixando-o trabalhar por algum tempo.
O método até funciona, desde que a gasolina adicionada seja muito boa e com forte poder detergente, mas não levaram em conta que toda a camada de proteção interna do tanque, acaso se utilize gasolina porca e em pouca quantidade, forma uma espécie de areia no interior da cuba do carburador tornando quase que impraticável sua operação.
Em suma, o carburador estava sujo. Bem sujo, pelo que pude perceber.
A moto não estabilizava na marcha-lenta, morrendo toda vez que eu soltava a manete do acelerador, e dava "engasgos" horríveis, quando eu precisava de mais força...
E eu tinha, somente, 500 quilômetros para rodar com a Sundown Max nestas condições.
Ainda na Avenida Cristiano Machado, mas no sentido contrário ao que estava quando abasteci, encontrei um autocentro no qual pude, finalmente, aplicar a vacina de pneu - adquirida em Niterói e cujos dois frascos estavam ansiosos para sair do mochilão - nos dois pneumáticos. O processo de aplicação da referida vacina é, em si, simples. Basta retirar a válvula do pneu, deixar sair o ar do mesmo até esvaziar bem, inclinar o bico, através da rotação da própria roda, uns 45 graus, e aplicar o conteúdo integral do recipiente no interior do pneu (caso seja sem câmara) ou da câmara de ar.
Há vacinas de pneu que, para os dois pneus de motos de 125 cilindradas, só necessitam da aplicação de metade do conteúdo de um frasco. A marca que comprei, curiosamente, mandava adicionar um frasco inteiro para cada roda da moto, sendo que tal recomendação foi obviamente seguida. 
Os procedimentos finais da aplicação são ainda mais simples. Compreendem dar um sopro de ar na sede da válvula, exatamente para deixar o local limpo, sem resquícios da substância gelatinosa que se distribuirá por dentro do próprio pneu ou da câmara de ar, e a recolocação da válvula. 
A calibragem correta do pneu garante, com chave de ouro, a inviolabilidade do pneu para furos de até 3 (três) mm, no caso dos que ainda se utilizam de câmaras de ar.
Para quem, como eu, tinha muito chão pela frente, aconselho o investimento que, no total, resultou num gasto adicional de R$ 70,00 (setenta reais)...
Achei barato, se analisado o risco que se deixa de enfrentar após evitar um eventual estouro de um pneu em alta velocidade.
Bom, feita a proteção nas duas rodas, voltei a pensar na situação da moto, para enfrentar uma viagem longa, como a que tinha que fazer.
Deixei o autocentro, bem localizado na Avenida Cristiano Machado, por volta das 09:45h, e, após fazer um retorno na própria avenida, me dirigi, aos trancos e barrancos, para o Anel Rodoviário de Belo Horizonte, uma junção das rodovias BR-262 e BR-381.
Era preciso adiantar ao máximo a saída da capital mineira, eis que a quilometragem a ser percorrida, em baixa velocidade, em uma motocicleta que poderia enguiçar, era grande. O tempo também era meu inimigo no aspecto do cansaço físico, pois a posição de pilotagem já se revelava desconfortável.
Ao chegar no Anel Rodoviário, consegui estabelecer uma velocidade inicial de 80 quilômetros por hora, com direito a engasgos sazonais do motor. A moto não rendia nada e necessitava de reduções constantes de marcha para manter coisa de 70 quilômetros por hora em leves aclives. A impressão que eu tinha era a de que engasgaria e pararia de vez em alguns quilômetros, mas tal fato não aconteceu.
Para os nervos ficarem logo à flor da pele, ainda tive o direito de pegar, logo de cara, um engarrafamento monstro por conta de uma operação tapa-buracos no Anel Rodoviário...
Em suma, estava passando por maus bocados ab initio.
Tinha em mente que se gastasse o combustível que estava no tanque, rodando a coisa de 80/85 quilômetros por hora, teria, depois de uns 200 quilômetros rodados, uma moto melhor e mais bem disposta. O raciocínio foi correto e, de fato, depois dos primeiros 90 quilômetros de estrada, a moto mostrou significativa melhora no desempenho e, principalmente, no consumo.
O efeito detergente da gasolina boa se faria valer.
Antes, porém, a estória teria direito a mais alguns lances de terror... Era óbvio que algo aconteceria para me deixar ainda mais preocupado...
Ou o amigo leitor achou que era essa a narrativa final?
Claro que não.
Logo depois de adentrar o Anel Rodoviário de Belo Horizonte e de conseguir estabelecer uma velocidade de cruzeiro, os espelhos retrovisores completamente soltos mostraram a que vieram. Simplesmente dobraram para trás, com a força do próprio vento, me deixando completamente sem a devida visão dos carros que estavam por vir... Tentei, em vão, com as mãos, enquanto pilotava, os fixar de alguma forma, mas não havia jeito.
Era preciso um aperto, em ambos, e teria de ser logo... E com uma chave 14!
Passados alguns quilômetros, tendo de olhar para trás nas mudanças de faixa - uma atitude de perigo e que desaconselho totalmente -, achei um posto BR cheio de caminhões.
A esta altura, já estava xingando o vendedor da moto horrores. Era patente a incompetência do mesmo e a mentira deslavada que havia contado, ao afirmar que a "moto fora revisada".
Lembrei do momento, imediatamente anterior ao em que deixara a garagem do prédio da Rua Coronel Praes, em que ouvi do vendedor da moto, o tal "Pedro", afirmar o seguinte: "Olha, meu amigo, se a moto der qualquer problema, lembre-se que ela tem garantia, viu!?! Qualquer coisa que ela der, qualquer defeito ou quebra, pode colocar ela para na oficina e me manda a nota do serviço que eu pago sem problema algum, OK!?! Deposito o dinheiro do conserto na tua conta, viu!?!".
Pois é...
Garantia...
Enfim, estava debaixo de um sol escaldante, e pude observar melhor a moto, percebendo que nada fora revisado.
Os freios não estavam bem regulados.
A embreagem não estava bem regulada, eis que a colocação errada do próprio cabo de acionamento da embreagem impedia que esta fosse ajustada, e o farol da moto apontava mais para o céu do que para a terra.
"Que merda!", pensei eu. 
Onde, afinal, eu amarrara o meu bode, para entrar em uma fria daquelas?
A moto era novinha, de fato, mas não estava nada bem... Não fora preparada para nada. Estava, ali, rodando, por conta do fato de ser nova e só.
Estava completamente desregulada e desajustada.
Consegui, no tal posto de beira de estrada, uma chave 14 e fiz o aperto do retrovisor direito.
Ao tentar apertar o retrovisor esquerdo, a base do mesmo simplesmente quebrou...
Isso mesmo, leitor! A peça em que estava fixada/rosqueada a base do retrovisor esquerdo, se partiu.

Na imagem, o suporte da alavanca de embreagem, com a parte em que se fixava o retrovisor esquerdo quebrada. Peça plástica frágil demais. 

"Putz! Só me faltava essa!!!", bradei! O gerente do posto chegou a andar na minha direção e me perguntar o que acontecia.
Meu psicológico já estava ficando afetado. Ainda não saíra de Belo Horizonte e já tinha uma peça da moto quebrada, sem mencionar os problemas de desempenho que eu enfrentava com a Max 125.
Parei um pouco. Estacionei a motoca embaixo de uma sombra e comprei uma garrafa de água com gás.
Sentei no meio fio.
Era hora de acalmar o espírito para, enfim, seguir em frente.
Eu não tinha outra opção. Tinha de seguir em frente!
Primeiro, guardei o espelho retrovisor esquerdo dentro da mochila.
Depois, já mais calmo, verifiquei as ferramentas que levara, para instalar a antena "corta-pipa", e vi que um dos soquetes me permitia regular o parafuso da mistura ar/combustível do motor. Com as próprias mãos, ajustei o varão do freio traseiro e a folga do freio dianteiro, melhorando bastante a frenagem da moto.
E voltei para a estrada!
Um espelho retrovisor permanecia no lugar e agora, pelo menos, devidamente fixado.
Aliviara o parafuso da mistura em quase duas voltas e a moto mudara radicalmente, já tendo força e um pouco mais de disposição para os aclives.
A marcha lenta foi estabilizada em 1.500 rpm.
Logo nos primeiros quilômetros após deixar para trás o posto, já na BR-040, eu conseguia manter a velocidade de 85 quilômetros por hora sem maiores dificuldades e a necessidade de reduções de marcha passara a ser menos numerosa.
O motor estava com a mistura excessivamente rica e, agora, mais próximo do ideal, trabalhava muito mais "solto". Para animar um pouco, em meio a um cenário desolador, a agulha  da bóia do carburador (o conhecido "estilete") finalmente voltara a funcionar, acabando o vazamento de combustível pelo dreno da cuba do carburador.
Onde eu consertaria aquele primeiro dano? Não podia seguir viagem, por muito tempo, com apenas um retrovisor na moto.
Pensei bem e... Preferi seguir rodando até que surgisse uma solução.
E ela surgiu!
Em Conselheiro Lafaiete... Dentro de um concessionário Honda!
Ahhhhhhhhhhhhh, como era bom estar em uma moto, cujo projeto era uma cópia descarada de uma Honda CG!
Bem, vinha eu rodando na estrada e, depois de passar incólume por dois postos vazios da Polícia Rodoviária Federal, vejo na minha frente um concessionário Honda.
O local se chamava "Easy Way" e era bem próximo da beira da estrada.
Pensei, cá com meus botões, o seguinte: "Esses caras podem ter a peça que quebrou."
E não é que tinham!
De acordo com o atendente da loja, um sujeito bom de conversa e de bom coração, a peça da Sundown Max era idêntica às utilizadas nas CG Titan antigas, equipadas com sensor de partida na embreagem.
O pessoal da loja foi muito solidário.
O mecânico que me atendeu deixou o serviço que estava fazendo de lado e me disse que "daria um jeito em tudo, porque eu ainda tinha de ir para o Rio de Janeiro".
Bacana! E mudava, ali, o tom com o qual enfrentava aquela viagem...
Percebi que a energia negativa fora deixada para trás na viagem. É algo meio místico... Sei lá! Mas sentira um algo pesado no espírito desde que pegara a motoca e, agora, me sentia melhor... Mais próximo de casa e de pessoas boas. Fiquei feliz ao ver o trabalho que foi feito.
Sinceramente, caro leitor, acho que o negócio, quando envolve algum tipo de sacanagem, como fora o caso da entrega da moto sem qualquer cuidado ou zelo, acabam refletindo em que sofre os efeitos da falta de honestidade.
Mas, para falar a verdade, não desejei mal ao vendedor da moto. Acabo tendo o sentimento de que o país não evolui por conta da velha mentalidade do brasileiro típico, segundo a qual o negócio é ganhar sempre... Custe o que custar...
Sobre a moto, depois de menos de 30 minutos nas mãos do mecânico "hondeiro", estava recomposta e com o espelho retrovisor esquerdo no lugar e muito bem apertado. O garoto que cuidou da Max, alíás, lá para os seus 19 anos, no máximo, ainda mexeu na regulagem da marcha-lenta e na mistura da moto, pois, segundo ele, "tava carburando demais para uma moto nova...".
Então tá!


Na imagem, a Sundown Max dentro do concessionário Honda Easy Way, em Conselheiro Lafaiete, recebendo um suporte para o retrovisor e para a alavanca da embreagem novinho em folha. A alavanca de acionamento da embreagem e o pino guia da mesma também acabaram substituídos por novos, de melhor qualidade, conforme se deduz do elenco de itens constantes da nota fiscal (imagem abaixo).


Preço total do serviço: R$ 49,00 (quarenta e nove reais).
De volta à estrada, por volta das 12:50h, sem almoçar ainda, segui em frente.
Tinha em mente parar para comer e beber algo apenas em Barbacena, cerca de setenta e poucos quilômetros dali... Lá para as 14 (quatorze) horas.
A moto estava outra.
Ainda falhava, de vez em quando, mas estava com muito mais disposição.
Eu olhava para o espelho retrovisor, de novo em seu lugar, e me animava.
Agradeci a Deus e pensei: "Daqui a pouco estarei em casa!".
O "daqui a pouco" levou bem mais tempo do que eu pensava. Afinal de contas, rodara, até então, coisa de 110 quilômetros em cerca de três horas. Só que ainda haviam mais 420 quilômetros para rodar...
E aí?
Bem, a terceira e última parte desta estória, meus queridos leitores, posto no máximo em uma semana, OK!?!
Até lá, tenho que tratar de alguns assuntos relacionados ao diesel vendido no Brasil e sobre uma certa máquina, que faz a limpeza completa das transmissões automáticas AL4, que inventei e da qual fiz a patente.
Um abraço apertado em todos vocês e que Deus ilumine mais esta semana, trazendo muitas coisas novas e boas para todos!!!

Xamã do Brasil.

2 comentários:

  1. Você veio rápido demais a bh. Deveria ter parado pelo menos 1 dia aqui para conferir a moto antes de voltar. Mas muito top todo o relato, e falando da al4 em bh n tem máquina de Flushing.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Ícaro!
      Rapaz, espero um dia poder, via este blog, marcar com os amigos, que estou fazendo aqui, reuniões com direito a chopp gelado nos lugares que eu for.
      O lance da motoca foi muito inesperado e eu não tinha muito tempo, antes de viajar para os EUA, para ir buscar a Sundown em BH.
      Mas, quando for até aí, vou avisar no blog. Quanto à máquina de flush, estou tentando comercializar e viabilizar a produção dela a um custo baixo junto à indústria. Logo vou postar o vídeo do primeiro teste que fiz dela, em um carro da família. Você vai gostar!

      Excluir